violência doméstica - descaso pelo médico do IML e juízo local.

Sou advogada, professora de direito penal e criminologia e fui seriamente agredida pelo meu, até então, namorado, na madrugada do dia 07/03. Acelerou o carro, ficou em alta velocidade dizendo que pretendida me matar e se matar, arrancou o espelho frontal, o câmbio e me espancou durante todo o caminho de casa. Arrombou a porta daqui quando tentei impedi-lo de entrar, rasgou meu vestido e só parou quando mordi seu rosto (a essa altura estava em cima de mim na cama). Estava embriagado e o motivo foi porque não o deixei dirigir meu carro. A sensação de impotência durante toda agressão e, posteriormente ao sistema. Só consegui fazer um boletim de ocorrência na cidade onde moro pelo fato de minha aluna trabalhar lá, pois a Delegacia estava fechada. Quando fui fazer o exame no iml o médico, de início, já fez a seguinte colocação: "sabe doutora, tem mulher que merece apanhar". E assim, eu conheço o Diretor do Instituto Médico Legal do Paraná. Ele não se levantou para me examinar, fez piadas com violência doméstica enquanto fazia suas anotações e saí de lá sem saber o que tinha detectado. Entrei em contato com a secretaria da mulher em Curitiba e relatei o ocorrido e, por meio desta, consegui o laudo em 24hrs. Só fui ouvida hoje na delegacia e me perguntaram se eu "queria representar", pergunta que não entendi, pois violência doméstica é tratada como ação pública incondicionada desde 2013. Ainda não consegui a medida protetiva e só amanhã o boletim de ocorrência será levado ao juízo, ou seja, 6 dias depois da violência. O sistema de atendimento à mulher agredida não tem qualquer estrutura física, jurídica ou psicológica e nos sentimos extremamente constrangidas o tempo todo. Fico pensando se eu, advogada e professora de direito penal, passei e passo por esse descaso todo, o que não sofrem as milhões de mulheres sem amparo no nosso país.